Gramado 2007 – 35º Festival
Neste ano, do dia 12 ao dia 18 de agosto, ocorreu o 35º Festival de Cinema de Gramado. Desta vez, tive a oportunidade de estar lá, do começo ao fim, compondo o Júri de Estudantes de Cinema, que premiou sete Kikitos: melhor montagem, direção de arte e música para longas e curtas brasileiros e melhor excelência de linguagem ou técnica para longas estrangeiros.
Na competição de curtas, configuravam os seguintes filmes: Aphaville 2007 d. C. (melhor filme roteiro e montagem); Saliva (melhor direção de Emir Filho); Balada do Vampiro (melhor direção de arte e música); Satori Uso (melhor fotografia e prêmio da crítica); Perto de qualquer lugar (melhor atriz); Overdose digital (melhor ator); além de Cine Zé Sozinho; O livro de Walachai; A peste de Janice; A psicose de Walter; Passo; Sete vidas e Oficina Perdiz. Destaco o documentário Cine Zé Sozinho, Passo (curta de 4 minutos, destoando dos demais), Balada do Vampiro, Alphaville 2007 d.C., A peste de Janice, e o excelente (talvez o grande curta da mostra) Saliva.
Sobre os longas estrangeiros, quem teve destaque foi Nascido e criado, de Fabio Trapero, levando os prêmios de melhor fotografia, melhor direção e melhor filme; além da sensação do festival: Banheiro do Papa, de Henrique Fernández e César Charlone, que levou nada menos que seis Kikitos: melhor filme do júri popular, prêmio da crítica, excelência de linguagem e técnica, melhor roteiro, melhor atriz e melhor ator. Os demais filmes são: O Cobrador, de Paul Leduc (prêmio especial do júri), Cocalero, de Alejandro Landes e Madeinusa, de Claudia Llosa. Considero praticamente todas as premiações justas; pois em termos de direção e fotografia Nascido e criado se destaca, e Banheiro do Papa é o grande filme (não só estrangeiro) do festival, com a única ressalva de merecer o prêmio de melhor filme, mas nada de extrema injustiça.
Já os tão esperados longas nacionais em competição estiveram muito aquém dos longas estrangeiros, apesar de proporcionarem alguns pequenos destaques. Os filmes exibidos foram Otávio e as letras, Valsa para Bruno Stein (melhor atriz), Olho de Boi (melhor roteiro e melhor ator), Condor (qualidade artística e prêmio especial do júri), Deserto Feliz (melhor filme do júri popular, prêmio da crítica, melhor música, melhor direção de arte, melhor fotografia e melhor direção – o grande papa-kikitos) e Castelar e Nelson Dantas no país dos generais (melhor montagem e melhor filme). Deserto Feliz pra mim se destacou, estando um passo à frente dos demais, assim como alguns aspectos de Condor e Castelar. A estranheza ficou para a escolha de melhor filme (mais por questão de coerência que qualidade), a escolha de melhor atriz (será porque era um filme gaúcho que estaria sem nenhum outro prêmio na noite?) e nenhuma premiação para o interessante Otávio e as letras. Questão duvidosas à parte, o que mais me incomodou foi o nível de qualidade abaixo dos longas estrangeiros.
O melhor de Gramado
Ainda tivemos mais um filme nacional sendo exibido no festival: Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho. A despeito dos filmes brasileiros em competição, esse sim foi uma verdadeira obra-prima. Não teve nada melhor no festival, seja filme, seja personalidade, ou seja o que for; que a noite de homenagem ao Coutinho com o Kikito de Cristal (estréia do prêmio, para o conjunto da obra de um cineasta), seguida da exibição do filme. Jogo de Cena mostra que o cineasta, aos 74 anos tem uma imensa capacidade inovar e recriar e que o nosso cinema ainda tem a capacidade de destaque perante o resto mundo. Numa coletiva à imprensa, Coutinho foi perguntado sobre sua escolha de ter escolhido o caminho do documentário ao invés da ficção, e ele respondeu:
"É o que eu faço de melhor. Prefiro fazer documentário e não ser visto, do que ser visto e ser medíocre. É uma forma de me esconder e de me revelar também".
E isso já diz tudo.
A vergonha de Gramado
Não só de premiações duvidosas viveu o festival. Já no segundo dia, a cópia de Cocalero não conseguiu chegar a tempo de ser exibida, o que é absolutamente vergonhoso, pois o básico de um festival é assegurar a exibição de um filme apenas quando ele já está em mãos. Resultado do contratempo: a exibição do filme à noite (momento principal para o mesmo) não foi feita com cópia de 35 mm. No mesmo dia, após ter passado alguns minutos de Olho de boi, o diretor grita no cinema, reclamando o erro na janela de exibição, prejudicando seu filme. Lamentável.
Mas o melhor mesmo deixaram pro fim do festival. Na grande noite de premiação, em seu final, um sujeito invade o palco a fim de protestar. Parece que seu protesto foi para reclamar seus direitos na sua idéia da calçada da fama de Gramado, que, segundo ele, foi roubada pela prefeitura. Sem discutir seus motivos ou fazer julgamento por sua atitude extremista, a reação do festival foi a pior. Primeiro ele consegue chegar ao palco e falar no microfone para depois ser arrancado (literalmente) com violência pelos seguranças. Não bastasse a incompetência de tê-lo deixado chegar lá, ela se repetiu na forma de reagir ao acontecido. Sem falar na resposta da Giulia: “violência só gera violência. Tanta demagogia pegou mal pro festival.
Não bastasse isso, na mesma noite, ao anunciar os vencedores, simplesmente ignoraram os prêmios dados pelo júri dos estudantes. Em nota oficial, eles divulgaram:
“A Comissão Organizadora do 35º Festival de Cinema de Gramado vem a público informar que a premiação do Júri de Estudantes universitários de cinema não faz parte da premiação oficial. Trata-se de um projeto experimental que busca inserir estudantes no contexto técnico de avaliação das produções cinematográficas do Festival de cinema de Gramado”.
Essa resposta seria válida se fosse anunciada antes da premiação. Afinal, como integrante do júri posso garantir que nos foi cobrado prazo para definir os vencedores para poder permitir que o diretor de palco programasse a cerimônia e anunciasse inclusive os prêmios dados por nós; e esse prazo foi cumprido. Então, eles não só não nos avisaram que os prêmios eram experimentais e não seriam anunciados, como tiveram um discurso exatamente oposto a isso. E isso foi utilizado apenas como desculpa, pois os ganhadores receberam esses Kikitos e eles têm valor oficial como qualquer outro. Foi para nossa surpresa, ao acompanhar a premiação e perceber que tais prêmios não estavam sendo divulgados na noite. Mas o pior mesmo ficava para os próprios vencedores, que não tiveram esse respeito do festival e não puderam receber seus Kikitos no palco. Por exemplo, o curta Balada do Vampiro ganhou dois deles e justamente os dois que elegemos, não podendo nenhuma vez se mostrar na cerimônia, mesmo tendo méritos pra isso.
Por isso que o foco de nenhum festival deve ser a premiação, e sim as exibições e as reações do público para o que de melhor e de pior aconteceu. Senão, ao fim de um Festival como o de Gramado, com que cara ficamos?
4 comentários:
VivaCoutinhoooooooooo
Como não fui eu que ganhei o KIKITO, posso dizer.. KIKITO de cu é rôla! Nada mais em favor do cotidiano, que esta anônima-erótica-repulsiva-impulsiva frase.
Mas Brunin, deixe de fazer o jogo destes arrogantes, qq um já sabe quais filmes ganharam quais kikitos... basta jogar no google.
Como chegou? com quem e o que conversou? como era o hotel? quem mais entrou no seu quarto? o que fizeram?
Erotiza esse kikito!
isso já nao pode ser divulgado
Não se preocupem, eu sei de alguns detalhes sórdidos e, por meio deste, irei revelá-los.
Bruno arrozou, arrozou e arrozou Nash Laila - ela mesma, protagonista de "Deserto Feliz", o papa-kikitos da noite. Eleita musa do Festival do Rio 2007, dizem que é bem mais bonita do que aparenta ser no filme de Paulo Caldas - no qual, deve-se ressaltar, está bem estranhinha.
Qualquer um pensaria que, com tanta marcação cerrada, um companheiro pintoso, galã e bem-articulado como nosso caríssimo Costa Caetano conseguiria resultados frutíferos com a atriz-mirim.
Entretando, amigos, o ilustre aspirante-a-roteirista fã-do-Coutinho nos decepcionou. Em depoimento não-tão-exclusivo, declarou-me que, ao contrário da crença geral, ele não teve nada mais do que saídas amigáveis com a estrela nordestina, perdendo a tão esperada chance de sair na prestigiada "Contigo".
Mas é fato que ele esteve presente no quarto de hotel da moçoila aqui no Rio. Quem pode dizer o que realmente aconteceu entre quatro paredes são apenas os dois.
Apesar das veementes negativas do rapaz, nego-me a acreditar que tão notório pegador tenha falhado na sua primeira incursão nos "affairs" da indústria cinematográfica.
Fica a esperança de que nosso caro amigo esteja sob juramento e tenha mentido sobre suas peripécias com Nash Laila, de maneira que possamos continuar a nos espelhar nele e seguir em frente, com o esperançoso pensamento:
"se esse cara aí consegue, eu com certeza também consigo!"
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