quarta-feira, 23 de maio de 2007

Go, Tiger!

Crítica 2: Homem-aranha 3


Já no segundo filme do blog, coloco algo que não me agradou. O super-herói da moda nos cinemas é puro visual e... bem, mais nada. A produção custou 250 milhões de dólares, considerado o filme mais caro da história até então.

Cheio de efeitos visuais e sonoros, cheio de vilões, cheio de dúvidas ao Homem-aranha e cheio de baboseira. Nunca vi um filme com tanta lição de moral sem qualquer moral. O ser humano não tem direito de sentir raiva, tesão, soberba... todos devemos ser politicamente corretos. Toda essa mediocridade amplamente representada na personagem da avó que deve ser mais a representação do capeta! E coroando, ouvimos Peter Parker dizer: "Hoje eu aprendi a fazer o que é certo, e todos podem fazer". Mas afinal, o que é certo???? Tô esperando me dizerem, e talvez as novelas da Globo possam fazer isso.

Além disso, a trilha sonora é absolutamente horrível (afirmo sem a menor culpa), nos lembrando também os melodramas das famosas novelas. Quando a situação fica mais dramática parece que tem algum sujeito que aumenta o volume da música, que quase nos faz chorar... quanta emoção. E o que se pode salvar é a força de Marketing do personagem dos quadrinhos, boas atuações de alguns atores e as cenas de brigas, destruições e blá blá blá. Estas cenas são realmente realistas, muito detalhadas e impressionantes. Só vale por isso também.

Para o gran finale, eis que surge o Homem-aranha cruzando o céu, e ao fundo flamula a grandiosa bandeira dos Estados Unidos da América. Neste exato momento, eu poderia colocar pra fora a picanha com batata-frita e chop que eu tinha acabado de consumir. Mas meu estômago foi forte e consumi tudo que o mercado-homem-aranha tinha a me oferecer: o USA way of life, comportamentos humanos irreais, Coca-cola e outros milhões de produtos, as piadinhas de mau gosto, o cabelinho do Peter Parker, o herói perfeito e o famoso e recorrente final feliz. E tudo isso por simplórios 250 milhões de dólares (garantidamente retornados e superados). Isso não é um filme. É um verdadeiro camelódromo. E eu prefiro a Uruguaiana.

Homem-aranha 3 - um soco no seu estômago.


segunda-feira, 21 de maio de 2007

Suely in the Blog with diamonds

Crítica do Filme: "O Céu de Suely"


Minha demora deve-se, além da falta de tempo, à dificuldade de conseguir ver algo de qualidade recentemente. Resolvi então prestigiar o Cinema brasileiro, falando sobre "O céu de Suely", de Karim Aïnouz (Madame Satã). O filme foi muito premiado no Brasil, além de em Havana, Salônica e Punta del Este.

Basicamente, conta a história de uma menina de 21 anos que volta pra sua cidade no Ceará, vinda de São Paulo, que se vê perdida com sua história com seu namorado e faz uma inusitada rifa. A história inicialmente não tem nada demais, só que o interessante é a forma que é contada. Independentemente de afirmar se o filme é bom ou ruim, a questão é o reconhecimento de uma abordagem não tão banal, com o desenvolvimento psicológico gradativo do personagem, o que nos deixa bem claro o que se passa na cabeça de Hermila (ou Suely) e com a diferente situação da rifa, o que coloca até dose de suspense, num filme do estilo "contemplativo" (onde há cenas com tempo morto - pouca coisa acontece). O resultado é que "compramos" os anseios de Hermila, e nos interessamos em saber como tudo vai acontecer - não sendo simplesmente "testemunhas" do que está ocorrendo. Um fato importante é como foi escolhido o nome do filme, que antes era "Rifa-me" (um tanto quanto sem força). O nome foi pensado em inglês, "Suely in the sky", inspirado na música dos Beatles (Lucy in the sky with diamonds). Mas enfim, não diria que seja uma produção sensacional, mas no mínimo com uma boa dose de criatividade.