quarta-feira, 4 de julho de 2007

Cidadão do Cinema

Crítica 4: Cidadão Kane

Cidadão Kane (1941) é tido como um fenômeno do cinema. Escrito, dirigido e protagonizado por Orson Welles (indicado ao Oscar pelas três funções que exerceu), foi premiado no mundo inteiro, como as suas nove indicações para o Oscar (venceu por melhor roteiro) e é premiado até hoje. Em 1998, o American Film Institute o elegeu o melhor filme de todos os tempos, e, nesse ano, fizeram uma nova votação, mantendo Kane no topo da lista. A associação de roteiristas de Hollywood o coloca como o quarto melhor roteiro da história. Isso sem mencionar o filme como referências em todo tipo de estudos de inúmeras áreas, em vários países.

Mas não se deve tomar como verdade absoluta tais votações e premiações que muitas vezes valorizam a capacidade publicitária de uma produção (Oscar, principalmente). Só que Cidadão Kane é um daqueles filmes que não ganham tal fama à toa. Muito à frente de sua época o filme quebra com a idéia defendida por D. W. Griffth, considerado “o pai da técnica cinematográfica” e “o homem que inventou Hollywood”, de que um plano deve retratar um único determinado acontecimento para a cena. Sendo assim, Orson Welles utiliza planos complexos, com vários acontecimentos simultâneos. Um exemplo disso, é a maior parte das cenas realizadas no jornal "Inquirer", onde são mostrados os personagens centrais do filme, nos momentos de flashback.

Obviamente, os méritos do filme não param por aí. Um roteiro com diálogos ágeis e inovações em elipses (passagem de tempo) de uma cena à outra, como no caso da foto dos jornalistas que indicou uma passagem de seis anos. Além disso, o filme se centraliza em uma palavra, “Rosebud”, e na busca de seu significado, para contar a trajetória de Charles Foster Kane, dono do império jornalístico mais influente dos EUA. A solução que o filme encontra para a conclusão da história, ou seja, descobrir o que afinal significa “Rosebud”, que foi a última palavra dita por Kane momentos antes de sua morte (no início do filme) é um momento bem aguardado, e a mim pelo menos, não decepcionou nem um pouco. Mesmo pra quem não tem o hábito de ver filmes antigos, como nesse caso, da década de 40, vale a pena, porque Cidadão Kane não deixará de ser atual mesmo daqui a muitos anos.

Nota: 9